É mais caro pagar 10% de comissão à imobiliária ou 1% de taxa de administração ao banco?
Estive pensando ultimamente na comissão cobrada pelas imobiliárias para administrar a locação de imóveis. Salvo engano, o percentual cobrado pela esmagadora maioria dessas empresas é de 10%.
Aí eu pensei: 10%! E eu reclamando dos bancos que cobram mais que 1% ao ano para administrar os fundos de investimento (há banco que cobra 4%)…Os bancos são bonzinhos, imaginei.
Às vezes, os números sem uma análise nos levam a conclusões equivocadas. Resolvi fazer as contas e descobrir o que realmente é caro, pelo menos comparando apenas um com o outro.
Supondo que o aluguel represente 0,5% do valor do imóvel, um apartamento que valha R$ 100.000,00 custará ao inquilino R$ 500,00 por mês, e a comissão da imobiliária será de R$ 600,00 em um ano.
Vamos agora para o caso do investimento em um fundo que rendesse exatamente a mesma coisa, por exemplo:
Aplicação de R$ 100.000,00, com ganho bruto de R$ 6.000,00 em um ano, e taxa de administração de 1%. Lembre-se que a taxa de administração do banco incide sobre o patrimônio e o rendimento. Assim, 1% de R$ 106.000,00 são exatos R$ 1.060,00 no ano.
Podem ser feitas várias críticas a este cálculo, que foi bem simplificado, mas vamos levantar algumas. A primeira é que o aluguel poderia ser mais alto, o que representaria uma maior comissão. Ok, se o retorno do imóvel for de 1% (bem difícil, heim?) você pagaria R$ 1.200,00 de comissão.
Outra crítica que poderia surgir é que o retorno do fundo pode ser maior do que o 0,5% do valor do imóvel. Rendendo 1% ao mês não capitalizado (se for fundo conservador, está difícil encontrar algo assim), você seria cobrado no banco em R$ 1120,00.
São minúcias que podem alterar um pouco o cálculo, mas que, no frigir dos ovos, demonstra que a taxa do banco é um pouco mais cara que os 10% da imobiliária.
Lembre-se que todas as contas foram feitas com 1% de administração do fundo. Imagine se cobrarem o dobro ou o triplo…
Texto por: Humberto Veiga
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Humberto Veiga é doutor em economia pela Universidade de Brasília.
Iniciou sua carreira no mercado financeiro em 1989. Foi trainee, gerente de produtos, gerente de marketing e gerente regional do segmento pessoa física de um banco privado. Trabalhou no Banco Central do Brasil, onde exerceu atividades voltadas à regulação de bancos na área de risco de mercado, derivativos de crédito, banco eletrônico, dentre outros.
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